entrevista

'Assim como eu criei os meus, também criaria ela', diz mulher que encontrou bebê abandonada

Foto: Renan Mattos (Diário)

Leci da Rosa Peres, 45 anos, trabalha como cabo eleitoral, mas sempre prestou serviços como camareira. Moradora de Santa Maria há um ano, ela reside na casa própria com as duas netas - uma de 9 e uma de 10 anos - e com a filha de 26 anos, mãe das netas.

Depois de criar cinco filhos, ela foi surpreendida com uma nova vida na porta da sua casa. Na noite da última segunda-feira, a cachorrinha da família, Mel, percebeu a presença de um bebê recém-nascido abandonado na porta da residência, na Rua Barros Cassal, Bairro Itararé. A neta de 10 anos foi a primeira a ver a menina. Leci contou ao Diário como foi a descoberta da criança e o que ocorreu depois do atendimento da polícia ao caso.

Bebê que foi abandonada será levada para instituição de acolhimento

De acordo com a assessoria de comunicação do Hospital Universitário de Santa Maria (Husm), a visita de Leci à menina não foi autorizada porque ela não é familiar da bebê. Ainda de acordo com o Husm, as visitas só são autorizadas por via judicial.

Diário - O que aconteceu naquela noite?
Leci da Rosa Peres - Quem viu primeiro foi minha neta de 10 anos. A cadelinha Mel estava latindo na porta, e eu pedi para a minha neta ver. Ela disse: "vó, tem um chorinho de nenê lá na área". Abri a porta e vi o nenezinho no chão. Aí elas ficaram aliviadas porque não era fantasma.

Diário - Ela estava dentro de alguma coisa?
Leci - Nada. Estava enrolada num lençol. Acho que era por isso que ela estava chorando. A minha neta me alcançou, eu só agarrei e ela acalmou, ficou bem quietinha.

Diário - Ela estava vestida?
Leci - Tinha uma blusinha, mas era de uma criança de uns três anos, eu acho, e uma "meinha". Nem fralda, nada.

Diário _ Qual a primeira coisa que a senhora fez?
Leci _ Eu liguei para a Polícia mandou eu ligar para o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência). Aí perguntei: "mas alguém vai vir?". Eles disseram: "A gente já está indo, mas a senhora tem que ligar para o médico para instruir a senhora do que fazer". Desde que a gente viu o choro deu uns 25 minutos até levaram a criança. Aí deu uns 10 minutos e chegou os dois juntos.

Diário _ E a senhora não pôde ir junto?
Leci _ Eu estava dentro do carro já. Não sei o que me deu. Fui lembrar das gurias quando uma botou o pé para entrar na ambulância. Eu pensei: imagina, como vou deixar as crianças sozinhas. Aí eu falei: "Não posso ir".

Diário _ A senhora tem alguma ideia de quem pode ter deixado?
Leci _ Eu tinha uma ideia eu tinha falado com a polícia e eu fui atrás. Fui ver, nem falei nada. Uma está grávida ainda. E a outra está grávida e não mora mais aqui. Porque são pessoas que me admiram. As duas suspeitas que eu tinha não poderiam ser.

Diário - E ficou com vontade de acolher a criança?
Leci - Eu estou muito preocupada. Por que eu não posso ver a criança? Eu liguei para o hospital, e falaram que eu não poderia ver ela por questão de ordem judicial. Eu perguntei para o policial, e ele disse que era para não criar vínculo. Como que não vou criar vínculo, se, no momento em que eu vi a criança, já criei vínculo?

Diário - E você a adotaria? 
Leci - Com certeza. Assim como eu criei os meus, também criaria ela.

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